insulina

Bomba de insulina ou esquema de múltiplas doses – qual o melhor tratamento no diabetes tipo 1?

Tenha uma insulina para chamar de sua…

O diabetes tipo 1 é uma doença auto-imune onde ocorre lesão irreversível das células pancreáticas produtoras de insulina. Dessa forma, o tratamento consiste no fornecimento de insulina exógena ao organismo.

A insulina é o hormônio responsável por transportar a glicose que está na corrente sanguínea para dentro das células. Essa glicose é a principal forma de energia para o bom funcionamento de boa parte dos nossos sistemas.

Com a evolução do tratamento do Diabetes tipo 1, desde a descoberta da insulina até os dias de hoje, há inúmeras formas de administrar insulina, além de diversos tipos.

Podemos ver as opções no mercado nacional e suas características principais no quadro abaixo:

Fonte: Diretrizes da SBD, 2023.

Qual o racional do esquema de insulinoterapia no diabetes tipo 1?

Os esquemas de insulinoterapia para pessoas com DM1 devem mimetizar a secreção fisiológica de insulina que ocorre em indivíduos sem diabetes. Isso significa que há uma secreção basal continua de insulina (insulina basal) nas 24h e um pico de insulina que é secretado após o estímulo da alimentação (bolus). A secreção de insulina fisiológica está representada pelo sombreado cinza na figura abaixo.

Comparando a secreção pancreática fisiológica de insulina e a mimetização com a aplicação de insulina exógena.

Para mimetizar a secreção basal do pâncreas devemos usar, preferencialmente, análogos de insulina de ação prolongada ou ultra-prolongada (linha preta). Já para o bolus prandial usamos insulina de ação rápida ou ultra-rápida (linha vermelha).

Com isso dispomos de 2 estratégias de tratamento:

A terapia basal-bolus com múltiplas aplicações diárias de insulina (múltiplas doses de insulina – MDI) ou com a bomba de infusão de insulina (sistema de infusão contínua de insulina – SICI).

No caso do SICI, a insulina utilizada é de ação ultra-rápida em infusão continua por 24h em doses pré-calculadas, que mimetizam a secreção basal fisiológica pancreática.

Qual o melhor opção de tratamento?

Agora que você já conhece os tipos de insulina e as formas de aplicaçao vou falar um pouco de cada um.

1 – Múltiplas Doses de Insulina (MDI):

  • esquema padrão que todo paciente com DM1 vai começar.
  • Preferir insulinas de ação prolongada/ultra-prolongada para insulina basal pela menor variabilidade glicemia e risco de hipoglicemia quando comparadas com a insulina NPH
  • Análogos de ação rapida ou ultra-rapida devem ser aplicados preferencialente 15-20 min antes das refeiçoes. Em crianças pequenas ou idosos, que não pode garantir que a ingestaõ de todo o carboidrato previsto aconteça, podemos aplicar logo após a refeição.
  • A dose minima de insulina aplicada é de 0,5 u — pessoas que precisam de doses menores ( ex: crianças, pacientes na fase de “lua-de-mel”) terão indicação de SICI
  • Saber fazer contagem de carboidratos garante maior autonomia no controle da doença e liberdade de escolha de alimentos independente do tipo de tratamento utilizado.
  • A monitorização glicemica é essencial, no mínimo 3x ao dia ( antes das refeições principais).

2- Sistema de infusão continua de insulina (SICI):

  • indicado para pacientes que não tem controle adequado com MDI, com hipoglicemias frequentes, crianças que precisam de doses muito baixinhas de insulina.
  • indicado para quem tem interesse e condições financieras, com capacidade de compreender e executar a contagem de carboidratos
  • possibilita ajustes mais flexiveis com taxas basais temporarias em caso de doenças agudas, mentruação, pratica de atividade fisica por exemplo.
  • simulção da ação pancreática mais proximo do fisiológico.
  • redução do numero de aplicações de insulina – 1 picada a cada 2-3 dias na troca do cateter.
  • A monitorização glicemica é imprescindivel, assim como no esquema MDI, seja por glicemia da ponta do dedo, seja por sensor de glicemia.

Claro que as informações acima são genéricas e a terapia do diabetes deve ser individualizada. Na consulta podemos conversar bastante e avaliar qual seria o melhor esquema de tratamento para o seu caso. Vamos juntos nessa jornada? Conte comigo!

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter, e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como Endocrinologista no Rio de Janeiro.

Fonte: Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2023.

https://diretriz.diabetes.org.br/insulinoterapia-no-diabetes-mellitus-tipo-1-dm1/

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